Cabra da Peste Não Morre de Fome: a poética subversiva como arma contra a mitificação do Nordeste

Autores

  • Daniely Farias de Oliveira IFPE

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.16593527

Palavras-chave:

identidade nordestina; linguagem; educação crítica; memória; estereótipos.

Resumo

Este artigo desvela os mecanismos de construção e perpetuação do estereótipo do "nordestino forte" como tecnologia de poder que naturaliza a opressão. Partindo do pressuposto de que a linguagem constitui o real (Maturana; Varela, 2001), analisa como narrativas midiáticas (78% das reportagens - IBGE, 2021) e educacionais (88% dos manuais - INEP, 2022) forjaram uma identidade baseada na resignação, em contraste com a pedagogia freireana da autonomia. Articulando a teoria bakhtiniana da carnavalização com a noção de memória seletiva (Jablonka, 2016), demonstra como a cultura popular - exemplificada pela poesia subversiva de Patativa do Assaré - opera contra performances discursivas que ressignificam o "cabra da peste" em emblema de dignidade. Conclui pela urgência de uma pedagogia das narrativas que, seguindo Albuquerque Júnior (2011), transforme a memória de arma de contenção em instrumento de libertação, substituindo o mito da força resignada pela potência inventiva do Nordeste real.

Referências

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Publicado

2025-07-30

Como Citar

Farias de Oliveira, D. (2025). Cabra da Peste Não Morre de Fome: a poética subversiva como arma contra a mitificação do Nordeste. Revista BIOMAS - Biodiversidade, Meio Ambiente E Sustentabilidade ISSN 2965-5730, 3(1). https://doi.org/10.5281/zenodo.16593527